sábado, 21 de novembro de 2009

A MORTE DO ZE-POVINHO.


São mais 150 trabalhadores atirados para a tragédia do desemprego, mas neste caso é ainda o ruir de mais um pedaço da cultura, não só deste país, mas do imaginário do seu povo. O Zé-povinho do Bordalo, o “toma”, uma das formas negativas mais afirmativas da nossa língua. Um bom “Querias, toma”, acompanhado seu inseparável companheiro manguito evita muita discussão. Tivesse o Mário Nogueira dito um “Toma” na altura do Memorando de entendimento e talvez esta Ministra já não o fosse.
As caricaturas de Rafael Bordalo Pinheiro são a forma mais simples e perceptiva de hoje conhecermos o ambiente e a realidade desses tempos. Deixar morrer esta cerâmica é deixar morrer um pouco de nós todos. Não seria possível, ao estado ou à autarquia, pelo menos considerar o espaço fabril original, e onde trabalham 17 pessoas, como um Museu vivo? (que até poderia ser lucrativo com a venda das obras produzidas). Salvem esta memória do Zé-povinho que fomos e ainda continuamos a ser.

PS: Antes de escrever o texto tinha feito este outro "Zé-povinho". Para não ir para o lixo aqui fica ele também.

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